LORDE BOSTA

Lorenzo Falcão

Sobre o livro

quase morrendo ao longo da minha existência inteira, eis que pinta um outro acidente: “lorde bosta”. são setenta e dois poemas escritos entre 2018 e 2023, a maior parte no período pandêmico, presentes aqui. um novo livro, parido em trabalho coletivo. o título é muito mais sinceridade do que pejorativo. me chegou ainda na adolescência, tempos em que me achava o tal pela literatura já tão presente em minha vida, numa conversa com meu irmão. de forma provocativa, disse-me que eu parecia um lorde. “lorde bosta”, sugeri…


Trecho

catar coquinho
ando aprendendo bastante
sobre catar coquinho no asfalto,
desde que minha bocaiuveira
começou a dar frutos.

coquinhos despencam do céu
caindo no telhado
e depois rolam pelo chão
até quase o asfalto da rua.

um som peculiar
no meu lar suburbano.
que tenho ouvido
no entra e sai dos anos.

assim, e somente assim,
poderei escrever minha tese
em torno da poética
dessa metáfora:
catar coquinho.


Lorenzo (de Jesus Miranda) Falcão é natural de Niterói (RJ), mas está radicado em Cuiabá desde 1978. De forma autodidata, adentrou-se nas letras através do jornalismo cultural e da literatura, acumulando também experiências com teatro, cinema e música. Já atuou como jornalista nos principais veículos de comunicação de Cuiabá e, desde 2010, é o responsável pelo site com viés cultural tyrannusmelancholicus.com.br. É poeta, prosador e croniqueiro, e membro da Academia Matogrossense de Letras desde 2018. Publicou os livro de contos Motel Sorriso (2002) e Duplex: concurso interno de contos (2018, este em parceria com sua saudosa esposa Fátima Sonoda), a revista independente de poesia dIFERENTE (2005) e os livros de poemas mundo cerrado (2011), distribuidora falcão – versos no atacado e varejo (2018, Arcada) e Abobrinha (2021).