Lá, onde uma porta jamais parou de bater

Danilo Fochesatto

Sobre o livro

 

 “Lá, onde uma porta jamais parou de bater” (Arcada, 2018) reúne textos de quase doze anos de produção literária e conta com trinta e um contos e um réquiem à sua cidade natal, Cuiabá/MT.

Danilo Fochesatto publicou seu primeiro e largo livro de contos, “8ito”, em 2007. Agora, em “Lá, onde uma porta jamais parou de bater”, o autor nos traz uma coletânea de textos mais curtos e diretos, refletindo, em certo sentido, a tônica de seu tempo.

Neste livro, Fochesatto condensa diversos temas que lhe são recorrentes, como sonho, cinema, política, religião e amizade. Em suas páginas, cabe uma missiva apaixonada, onde lemos que “Datar é enfeitar o papel com o tempo”; cabem reflexões sobre o silêncio, como no conto “Tempos mortos”, e sobre os periódicos, em “Síndrome de notícias”; além de experimentações pontuais, como em “Entrevista” e “Ab absurdo” – este último, todo construído por palavras iniciadas com a letra A.

No conto “R.G. Dicke”, o jovem autor presta homenagem, um doloroso auf wiedersehen, a Ricardo Guilherme Dicke, o mais premiado dos escritores mato-grossenses. Dedica-se, ainda, algumas páginas de “Antropofobia” para citar nomes (são quase mil!) de personagens reais ou imaginários que, ao que tudo indica, passaram pela vida de Fochesatto. Noutros momentos, o escritor cuiabano lança mão de realismos fantásticos e escapismos melancólicos, como em “Amphibia”, “Doce da sabedoria”, “Gay thing”, “No fundo do rio” e “Carniça”.

Cenas marcantes não faltam em “Lá…”, como as que brotam de “Crônica de um amor perdido” (onde a pequena briga de um casal desfeito leva a uma generalização de partir o coração) e de “Meu pai” (em que um menino forja o encontro entre a mãe e o futuro pai). Nesse sentido, também cabe mencionar sua “Oração”: um texto que poderia ter a forma de poema, mas que em suas mãos se transformou em torrencial prosa imperativa a verter pedidos e desejos tão urgentes.

 

Foi dito que o título alude ao estado de inquietude de seu escritor que, depois de tanto tempo de artesanato das palavras, resolve fechar a tal porta e pôr um ponto final na obra. Então não nos esqueçamos de dizer que, a quem ler esta obra, cabe o prazer extra de descobrir chaves espalhadas e segredos escondidos pela construção labiríntica de textos inter-relacionados, mas independentes. “Lá, onde uma porta jamais parou de bater” é um livro para ser pensado.

 

Danilo Fochesatto nasceu em Cuiabá, em 1983. É autor de 8ito (A Fábrika, 2007) e Lá, onde uma porta jamais parou de bater (Arcada, 2018). Fibonacci 5 é seu primeiro romance.